A torcida é para o Brasil, ou para a Taça?

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Texto de: João Vitor Rezende

Brasileiro acha que sabe torcer. Nas arquibancadas das pelejas na pátria das chuteiras é nacionalista sim, “com muito orgulho e com muito amor”. Assim como é no vôlei, no futsal, no basquete, no handebol...

Em 12 anos de minha lucidez futebolística, e há uma era bem anterior a minha existência, a torcida verde e amarela é somente “brasileira, com muito orgulho e com muito amor”. No máximo, é “lê, lê lê ô, Brasil”. A Copa do Mundo aplicou um choque de realidade aos que consideravam nossos adeptos como o décimo segundo jogador. A fase está tão complicada, que as emissoras de TV estão tentando intervir.

Nessa terça em partida contra Camarões, a torcida de Brasília levou a sério demais a máxima de que o futebol é um espetáculo. Parecia um teatro. Público sentado, parecia apenas apreciar o que via. Como incentivo, aplausos. Vaias para o que não agradava. Gritos, apenas com a bola balançando a rede - e, quando estufaram a rede de nossa seleção, silêncio absoluto. E parecia luto, pois o silêncio permanecia por um bom tempo. Dessa vez, nem o hino foi completado com o fervor visto anteriormente. Os donos da casa estão deixando os visitantes fazer a festa.

Os nossos vizinhos americanos invadiram as sedes, e estão lotando as nossas novas arenas. Os estadunidenses, que para o mundo ainda "não gostam de futebol", compareceram em peso. Os mexicanos calaram a vibrante Fortaleza, no empate sem gols da terceira rodada. Os chilenos também cantam o fim do hino a capella. Uruguaios, colombianos e argentinos pareciam estar dentro de um de seus alçapões. Uma pena os novos estádios não terem alambrados, pois os ‘hermanos’ já teriam tomado conta dessa área.

Os europeus, principalmente holandeses, franceses, ingleses e italianos, estes dois últimos que vão embora mais cedo, não vieram à toa. Se fizeram ouvir, com direito à Marselhesa e à clássica versão de “Seven Nation Army”, de The White Stripes, enquanto a bola rolava. Os africanos atravessaram o oceano, em menor número, mas representaram bem seu continente.

Mesmo em maioria, o placar não está favorável aos nossos torcedores. A conversa mole de dizer que o torcedor de verdade, a galera da antiga (e saudosa) geral do Maraca, a massa fanática não está nas cadeiras numeradas da Copa, não cola. A única camisa pentacampeã do mundo não pode simplesmente ser vestida como qualquer outra.

Torcer para o Brasil precisa ser mais que vibrar com os bons momentos. As manifestações de apoio devem ser feitas durante todo o jogo, principalmente quando a seleção está em maus bocados. É como jurar fidelidade no altar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de nossas vidas. É torcer rumo ao hexa, mas o sentimento não vai mudar caso ele não venha dessa vez. É torcer pelos 11, e não por aquele aglomerado de ouro que agrega o currículo, que chamam de caneco, título ou taça. De gol em gol, ou de derrota em derrota, ser torcedor é bem mais do que somente tirar “selfie” de costas para o gramado.

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