Calor, sufoco e Oranje nas quartas

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Holanda vira partida no fim e garante vaga

Texto de: Vitor Carvalho

Robben e Sneijder, os mais importante no duelo, comemoram vaga (Foto: Reuters)
A Holanda venceu; confirmou o favoritismo, a lógica para a maioria, e Van Gaal, mais uma vez, sorriu. Mas para saírem de campo aliviados, o jogo e o cenário se encontraram mais difíceis do que imaginavam. O México não teve medo. Ochoa inspiradíssimo, no local onde, doze dias antes, parou a seleção brasileira. Fortaleza, que faz jus às suas atuações até aqui no mundial e à defesa mexicana, liderada pelo capitão Rafa Márquez.

O temperatura era alta - porém, dentro de campo, muito estudo e poucas tentativas. Pela primeira vez no mundial foi usado o "cooling break", assim denominado pela FIFA, para descanso e reidratação dos jogadores. Conforme o combinado, jogos com temperatura acima de 32°C deveriam ser paralisados aos 30 minutos de cada tempo, desde que houvesse comum acordo entre os treinadores. Assim houve e, mais do necessário, prezava pelo bom futebol. Jogar no Nordeste, às 13h, é um desafio e tanto.

Esperava-se mais da Holanda. A sensação que ficou, ao menos na primeira metade, é de que o México equilibrava a peleja mais por méritos do que pela deficiência do adversário. Poucos tiveram a percepção de elogiar a disciplina tática (como já diria Galvão) dos mexicanos. Que haveria entrega ninguém desconfiava, porém, teve mais. Teve Giovani dos Santos quase marcando no fim do primeiro tempo; também Salcido arriscando de longe e teve segurança por parte de todo o sistema defensivo, exceto o capitão. Márquez quase deu uma entregada no melhor estilo Gerrard. Facilitou para Robben, o mais incisivo holandês, que arrancou até a área e sofreu um duplo penal. O árbitro mandou seguir, e logo depois os jogadores voltaram ao vestiário, exaustos, e não era pra menos. Até a torcida acusava o forte calor, se concentrando onde havia sombra no belo Castelão.

A pausa foi fundamental. Os mexicanos voltaram ainda melhores e, logo no início, após arrancada, Giovani dos Santos arrematou de fora da área. Golaço, tirando as chances de defesa de Cilessen. Hora dos holandeses irem pra cima, superar as adversidades do dia e tentar uma bola para Van Persie - mais sumido que o Kagawa na copa - ou na genialidade de seu craque apagado, Sneijder. Isso porque Robben era incansável, um dos melhores do mundial, sem dúvidas. Mas ele não joga sozinho - embora quase toda jogada o designe como tal.

Ochoa intervém em mais um ataque holandês, desta vez pelo alto (Foto: Reuters)
Van Gaal percebeu que precisava de mudanças. E só tinha mais duas, já que De Jong deixou o campo nos minutos iniciais dando lugar a Martins Indi. O zagueiro compôs a linha defensiva e o ótimo lateral Blind fora deslocado para a volância. O lateral do Ajax parecia não se encontrar e estava longe da atuação contra os espanhóis na estreia. Os minutos corriam e o comandante apostou em seu talismã: Depay, que nos jogos que entrou decidiu, foi designado para incendiar a partida, e pouco o fez. Se a mudança já era ousada, mas prudente, colocando um ponta no lugar de um lateral, ninguém imaginava que o treinador holandês tiraria o capitão Van Persie de campo. Tirou, e Huntelaar pisou pela primeira vez nos gramados brasileiros.

Diferentemente dos jogos anteriores, as mudanças não surtiam efeito. Enquanto a seleção se esforçava para conseguir jogadas perigosas, Ochoa pegava tudo e ainda contava com a trave - parecia seu sexto dedo. O México se fechava e a classificação às quartas, depois de 28 anos, era realidade. Uma equipe que esteve a beira da não classificação até os 47 minutos do segundo tempo, frágil e sem comando, se reestruturou. A tradicional camisa mexicana em mundiais apareceu. Miguel Herrera, o comandante, e seus jogadores mereciam continuar a dar alegrias ao povo.

Como a classificação para o mundial veio, a eliminação no torneio também chegou da mesma forma, nos acréscimos. O México vencia até os 41 minutos, quando em um escanteio, provido da pressão holandesa, Sneijder empatou. Passe (desvio) de Huntelaar, que o carrasco brasileiro pegou de primeira, com raiva, mostrando que está vivo no mundial. Ainda teve tempo, dessa vez pelo lado direito do campo, de Robben carregar a bola até a grande área e desmanchar em cima de Rafa Márquez. Dessa vez, o juiz apitou pênalti - inclusive, muito discutível. Huntelaar, que pediu a bola para Robben, bateu. Marcou o gol da classificação às quartas de final. Castigo para os mexicanos, felicidade holandesa. E quem é que disse que os homens do banco de Louis Van Gaal não resolvem?


Huntelaar e Depay, ambos vindos do banco, festejam a virada (Foto: Reuters)



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