Por cinco anos, o mundo se rendeu ao futebol espanhol. Agora, a Espanha se rende a reformulação
O futebol se renova a todo instante. O que é eficiente por um período, torna-se previsível, pragmático. Até que o Tiki-Taka durou por bastante tempo. E as duas partidas que destruíram o Império Espanhol, tiveram como palco o Maracanã.
Em 2013, na final da Copa das Confederações, um presságio do que estava por vir esse ano. O tão esperado duelo com o Brasil aconteceu, mas o resultado, nem tão aguardado assim. Vitória incontestável dos donos da casa por 3 a 0. Na última quarta-feira, outro sul-americano pela frente. A seleção chilena engoliu os espanhóis, vitória com propriedade por 2 a 0.
Iniesta, um dos símbolos do meio-campo espanhol (Foto: Ricardo Moraes/Reuters) |
Mas quais foram os motivos que levaram a baixo a supremacia da Furia? Para tentar explicar o declínio da seleção espanhola, precisamos voltar a origem do esquema e como ele foi aplicado. Um pré-Tiki Taka, foi feito por Cruyff no período em que treinou o Barcelona, nas décadas de 1980 e 1990. Ainda sem essa denominação, mas com algumas características presentes nele. Durante a Copa de 2006, ainda sob o comando de Luís Aragonés, surgiu o termo. Criou a aplicação tática no 4-2-1-2-1.
Foi o criador do "falso 9", hoje utilizado por outras equipes como Bayern de Munique, e a Seleção Alemã. Falso nove, pois o atacante não fica fixo dentro da área, ou não faz o pivô, mas sim, se movimenta para buscar a bola e atrair a marcação para a chegada dos volantes e meio-campistas. Os atacantes, assim como os volantes, devem ser técnicos, ter agilidade, inteligência e bom passe. Os passes curtos e rápidos, com movimentação intensa, são os pontos fortes do sistema de jogo. Muitas vezes, a excessiva troca de toques, tornava o jogo lento. A falta de objetividade, além da exposição ao contra-ataque são os pontos negativos.
Em 2008, Áustria e Suíça presenciaram a primeira conquista baseada no novo aspecto tático. Depois de vencer a Eurocopa, troca no comando. Sai Aragonés, entra Vicente del Bosque, que continua a firmar uma das maiores hegemonias da história do futebol, que continuou com o triunfo inédito da Copa em 2010, e o bi-campeonato europeu, dois anos mais tarde.
Na mesma toada em que a seleção estava em crescimento, o Barcelona também chegava ao ápice inspirado na reedição do tiki-taka. Comandado por Josep Guardiola durante quatro temporadas, o clube conquistou 2 Ligas dos Campeões, 2 Mundiais de Clubes e 3 Campeonatos Espanhóis. A equipe da Catalunha foi a base para o selecionado nacional durante o período, cedendo jogadores como Pique, Puyol (aposentado), Iniesta, Busquets, Pedro, Jordi Alba, Fàbregas (recém contratado pelo Chelsea), Valdes (atualmente sem clube), Xavi e Villa (que saiu do clube há duas temporadas). Os três últimos provavelmente não vestirão mais a camisa espanhola.
Cassillas desolado, na partida que pode ter sido a sua última na La Roja (Foto: David Ramos/Reuters) |
Assim como na ascensão, o declínio de Espanha e Barcelona, também foi conjunto. Isso aconteceu, pois seus adversários passaram a criar estratégias para minar os efeitos do tiki-taka. Depois de tanto sufocar a saída de bola alheia, passaram a ser pressionados. O espaço que sobrava dentro de campo, começou a faltar, assim como a criatividade para fugir da aproximação dos concorrentes, até a total perda do reinado.
Depois do desastre dessa Copa, o técnico Vicente del Bosque, também deve estar dando adeus. Passado tanto tempo, o tiki-taka foi desarmado. Chegou a hora de se repensar o futebol espanhol. Qual será a nova tendência do futebol? Talvez ela já esteja por aí, e em breve comece a dominar a mídia esportiva. E qual será o futuro da Seleção Espanhola? O dia 1 de setembro, data do próximo amistoso está aí, e começará a mostrar os próximos desafios espanhóis.
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