Para limpar a história

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Alemães e argelinos fazem duelo épico em Porto Alegre

Texto de: Gabriel Panice

Se em 82, Alemanha e Argélia foram protagonistas da “vergonha de Gijón”, em 2014 foram os atores principais do melhor jogo até aqui na Copa no Brasil. Não apenas pela emoção da peleja, mas pela entrega em todos os minutos do jogo de ambos os times.

Torcedores argelinos relembram 1982. (Foto: Getty Images)

Em 82, o melhor time argelino de todos os tempos até hoje, foi eliminado após um jogo de compadres entre Alemanha Ocidental e Áustria, que avançaram na chave. Antes, a Argélia havia vencido a Alemanha.  Hoje, os argelinos (ou franceses, como queiram) entraram com sangue nos olhos para vingar 82. E parecia que conseguiriam.

Os primeiros 30 minutos de jogo foram de domínio africano. Criando chances, pressionando na marcação e levando bastante perigo. Apenas após esse início surpreendente, é que a Alemanha conseguiu se impor, mas nunca deixando de sofrer os contra ataques argelinos.

Muito desse domínio surpreendente da Argélia é culpa de Joachim Löw, que insiste nos erros cometidos nos outros jogos. Quatro zagueiros-zagueiros na primeira linha de marcação. A teimosia não tinha fim. Seus meias (Götze e Özil) centralizavam para abrir o corredor para a subida dos laterais (?). Höwedes e Mustafi, zagueiros de ofício não conseguiram por em prática aquilo que Löw queria.

Quem diria, o músculo posterior da perna esquerda de Mustafi foi mais visionário que o próprio Löw. O falso lateral direito saiu lesionado aos 15 do segundo tempo. Com a entrada de Khedira, Lahm finalmente voltou para a lateral, de onde nunca deveria ter saído. A Alemanha criou, criou até bastante. Não esperava encontrar Rais Mbholi pelo caminho.

Em mais uma atuação daquelas de um goleiro na Copa, Rais impediu a vitória alemã. Em VINTE E UM chutes, Rais pegou NOVE. Muitas delas com um grau de dificuldade alto. Mas nada disso é importante. A garra, a vontade, a superação argelina e também alemã chamou mais a atenção. Noventa minutos não foram suficientes para medir a entrega dos times. Foram necessários cento e vinte. Até o último segundo, o suor de ambos escorria em busca do gol.

O melhor 0 a 0 das Copas, não merecia tal placar. A prorrogação veio para corrigir esse pecado. Schürrle, logo no início, com uma letra de médico, daquelas incompreensíveis, colocou o UM no placar e a certeza de que a Alemanha avançaria pela oitava vez seguida as quartas. Os argelinos discordaram. Partiram para mais uma batalha. Esgotados, sem energia alguma, ainda conseguiram assustar.

Schürrle comemora a abertura do placar na prorrogação (Foto: Reuters)

Quando Özil colocou o DOIS no placar, muitos deram a guerra como acabada. A Argélia não. No lance seguinte, Djabou deu o primeiro golpe que realmente machucou a meta defendida pelo maluco Neur. Pena que o tempo esgotou. O cruzado de esquerda de Özil (quem diria!) deu mais resultado. Dois a um. Fim. Argélia sai de cabeça erguida. Alemanha também.

A Vergonha de Gijón foi apagada. Lembraremos apenas da Batalha de Porto Alegre.

Alemanha agora enfrenta a França nas quartas de final na próxima sexta. O jogo no Maracanã tem tudo para ser outra batalha memorável nessa Copa das Copas. Löw deve mexer no time. Espero. A disputa no tabuleiro de xadrez do meio campo será imprevisível. Bom para o futebol. Obrigado aos deuses do futebol.

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