Um dia, ou 4 anos de ressaca?

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8 de julho de 2014. A maior tragédia da história do futebol brasileiro. Mas será a última?


Texto de: João Vitor Rezende

Felipão deveria estar pensando pra falar. Deveria... (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

Depois da inesperada (menos para os discípulos da Mãe Dináh) e vexatória derrota, é necessário buscar forças pra recomeçar. Não só recomeçar, e sim, reformular. Mas após a eliminação de 2010, já se falava em transformação do futebol brasileiro. Houve uma tentativa de inovar na seleção, mas a seleção é só o ponto mais alto, e não todo o futebol brasileiro. Há coisas que ainda não foram feitas, e dificilmente serão feitas até 2018.

É possível se renovar, não só renovar a seleção, mas transformar tudo. O principal movimento de reformulação, o Bom Senso F.C., criado por atletas, é taxado de ridículo, incoerente, não só pelos dirigentes, que não querem ter seu poder dividido. Se submeter a aumentar a pré-temporada dos times, consequentemente diminuir o número de datas, o que resultaria numa diminuição de lucro e de poder das federações. A Globo não deseja perder o dinheiro de seus anunciantes, com a menos jogos por ano. É difícil falar que a Copa não é palco de disputas políticas, se o nosso futebol é cheio desses joguinhos. É lamentável, mas é verídico.

Desde a última conquista em 2002, o Brasil parou no tempo. A Espanha dominou o futebol com a conquista da Copa de 2010, 2 Eurocopas com a seleção principal, e 5 com as seleções de base. A Alemanha faz um trabalho impressionante com 4 semifinais seguidas da Copa do Mundo, 3 conquistas da Eurocopa pelas seleções de base e uma reestruturação da Bundesliga. As duas seleções apresentaram novos talentos, novos sistemas táticos, e os brasileiros, pararam. Quando se esperava pelo menos um bom planejamento pra disputar o Mundial em casa, a escolha equivocada por Mano Menezes foi consertada com outro erro, e o planejamento foi jogado fora. Buscaram a experiência. Mas experiência, sem resultado não diz nada. Scolari vem de passagens ruins pela seleção portuguesa, Chelsea e Palmeiras. A conquista da Copa do Brasil de 2012, ficou manchada pelo rebaixamento no mesmo ano, que Felipão deixou o barco, e assumiu o comando da seleção canarinho.

E as falhas continuaram no processo de preparação. A Copa das Confederações foi uma ilusão. A conquista de um campeonato que não serve de parâmetro pra nada, virou obsessão e espelho. Mas quatro campeões mundiais estavam lá? O Brasil é tri-campeão consecutivos, e nos anos seguintes, duas eliminações nas quartas de finais, e a última...  A última eliminação foi proporcionado por uma série de fatores, escolha dos jogadores. Existem sim, outros nomes que deveriam estar aí. Luís Filipe, Miranda, Luisão, Kaká, Ganso, Coutinho, Alan Kardec, Luís Fabiano, e até Robinho porque não. Se o retrospecto recente não o credenciava, o fato de ser um "medalhão" poderia contar a seu favor, quando o menino Neymar estivesse sobrecarregado. O mesmo vale para Kaká, que fez uma temporada boa no Milan, mas não foi lembrado. Esses nomes foram preteridos por Maxwell, Henrique, Paulinho, que vem de péssimas atuações no Tottenham, Jô e o contestadíssimo Fred.

Desde o primeiro dia de trabalho de Felipão e Parreira, foi criada uma pressão completamente desnecessária em busca da taça. E a cobrança só cresceu, até afetar o psicológico dos atletas. Não foi a torcida, ou as penalidades máximas que causaram isso, e sim o "oba-oba" de seus comandantes. O Brasil era favorito, por estar em casa, mas dividia o favoritismo com outras seleções de grande porte. Não para o auxiliar técnico, afinal, já na chegada à Granja Comary em maio, a seleção estava "com uma mão na taça". E o que menos se viu em Teresópolis, foi treino. Gravação de programa de TV sim, isso teve. Treino, poucos. Variações táticas, nenhuma. Afinal, variação, de qual tática?

Já não bastasse os problemas a serem resolvidos, a acachapante derrota contra a Alemanha, duas cenas lamentáveis e até bizarras protagonizadas pelo presidente da CBF e a comissão técnica. Cafu foi ao vestiário após o jogo, demonstrar apoio aos jogadores, mas foi expulso, isso mesmo, expulso, por José Maria Marin, presidente de uma confederação que diz atender os interesses do futebol brasileiro. O motivo alegado, foi que Marin não desejava a presença de estranhos. Vai ver nenhum dos jogadores conheciam o capitão do penta, ou talvez ele não conheça. E no dia seguinte, quando se esperava humildade pra reconhecer e assimilar os erros, um banho de arrogância por parte de Luis Felipe e Carlos Alberto. Pobre Dona Lúcia, que "entrou de caiaque no navio", ou "entrou pelo cano". A carta ingênua de uma brasileira, que era pra ser anônima, virou piada, condizente com o fiasco do dia 8 de julho de 2014, um dia que não deve ser esquecido.

Não é normal tomar 7 gols, ainda mais numa semifinal de Copa do Mundo. A coletiva de imprensa do dia da ressaca brasileira, só tornou maior o drama. Os obstáculos que deverão ser superados, são grandes. Não é só alterar os nomes, as cabeças, é trocar a filosofia, e caso não exista, é buscar e se criar uma. Até quando apostar no peso da camisa, e se esquecer que como tudo na vida, o futebol também é feito de mudança?

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